domingo, 14 de junho de 2009

OS DOIS LADOS DA FESTA

Ana Lucia dos Santos

Copas de árvores, de um verde escuro e forte, hoje tem matizes mais definidas. Flores amarelas salpicando o verde também ficam mais exuberantes. Vejo os coqueiros com galhos pendendo como braços estendidos, a proteger e a ungir areias e pessoas.

Hoje é dia de maratona. Corre, corre, sua o corpo, lava a alma. Corre, corre para onde? Não precisa saber. Apenas corre, arrasta a energia dos que olham e dos que passam. Misturam-se corpos, suores, gente.

Balões azuis no céu, alegria no ar. Crianças pululantes brincam de correr. Clareia o sol as imagens felizes. Generoso, ilumina gente determinada, ilumina o esforço admirável.

Festa na rua, festa na praia. Vem a certeza de que os jardins sorriem também. Raios de sol penetram nas plantas e flores sem pedir licença. Pra que pediriam?

Vejo homens fortes, homens bonitos, mulheres também. Homens não tão fortes correm, correm. Lavam o corpo de suor, lavam a alma. Quero também lavar a alma, pedir a calma que vem depois.

Um pouco mais longe, os ares e a energia da festa se diluem. Os generosos raios de sol, que aí também não pedem licença, inundam o asfalto que já queima. Impacientes e frenéticas buzinas de carros, alheias à festa, enlouquecem.

Homens e mulheres, nem fortes nem felizes, inundam um trânsito que não anda. E se perguntam: que cidade é esta, que caos é este, que dia é este!

Um comentário:

  1. Ana Lúcia,
    Gostei muito do texto, pensei nos 10km, prova de rua que mobiliza nossa cidade. Beleza, garota, passo firme na jornada de escritora. Estamos em festa com você!
    Beijos,
    Fabiana.

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