quarta-feira, 25 de março de 2009

ALBATROZ

Exercício conjunto

Suas asas são enormes. Geram vôos de longas distâncias para que eles saiam à procura do cardume de peixes para sua alimentação. O pequeno albatroz ainda não é capaz dessas jornadas. Então, aguarda no ninho pela volta dos pais que lhe trarão comida. Em vão. Nem pai nem mãe retornam. Nem no dia seguinte, e nem no outro. A pequena ave solitária, olhos inocentes, explora a floresta, não pensa que o inimigo pode estar por perto.

Assusta-se com uma sombra a seu lado. Pode ser o pai. Não tem asas. Enganou-se. É apenas uma árvore mais frondosa.

- É preciso se adaptar a qualquer circunstância... A vida é assim.

As palavras do pai martelam sua cabeça, fazendo com que a tristeza do pequeno albatroz aumente ainda mais. Mas ele percebe que não tem escolha. Sabe que precisa andar com suas próprias pernas para sobreviver. Que o futuro está em suas mãos e na coragem com que irá conduzir as intempéries da vida.

Descobre, então, uma força que desconhece. Tem vontade de se lançar, alçar vôos infinitos. Fecha os olhos, abre as asas, plana. Jamais sentira o pai tão perto de si como nesse momento.

- É preciso se adaptar a qualquer circunstância... A vida é assim.

Na primeira tentativa, por mais que se movimente, plana por pouco tempo e cai. Pensa no pai uma vez mais, no exemplo de seus vôos e recobra o ânimo, a confiança. Está pronto para uma nova tentativa.

Tenta uma vez mais. Cai. Segue-se nova tentativa. Até que o vôo se torna mais firme, mais longo. Sabe agora que pode cuidar de sua própria sobrevivência. Agiganta-se. Voa sobre o mar, àquela hora cheio de óleo. Não teme mais nada. Sua vida, naquele momento, não seria interrompida pela irresponsabilidade dos homens. Bate as asas com mais força, arremessa e sobe.

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