terça-feira, 12 de maio de 2009

Crônica sobre Infância

UMA LEMBRANÇA DO TEMPO DE INFÂNCIA
Antonio Taveira

Mamãe nos avisou que no dia seguinte, domingo de manhã, íamos visitar a Tia Albertina. Minha irmã e eu ficamos eufóricos, pois titia morava no Monte Serrat e estávamos curiosos para conhecê-lo. Logo cedo, pegamos o bonde para a cidade, nossa aventura começara.

Dia de passeio, tudo é festa: o trajeto do bonde, a passagem pelo cais e os prédios do centro. Na chegada ao Monte Serrat, o bondinho que sobe o morro acabara de sair, teríamos que esperar mais meia-hora para pegar o próximo. Papai propôs que fôssemos pela escada, nós aceitamos na hora, mamãe não se opôs e lá fomos todos enfrentar os mais de 400 degraus. Como criança não se cansa, agüentamos bem a subida sem reclamar e meus pais, ainda novos, não tiveram problemas com o desafio.

Ao chegarmos lá em cima, logo vimos a casinha branca que ficava no ponto mais alto do morro. Após cumprimentar os tios, fomos explorar o terreno, que mais parecia um sítio de tão grande que era. Os fundos davam para a encosta do morro e a extensão de sua vista não tinha fim. Podíamos ver a cidade de Santos até a praia e, mais para o lado, os prédios do Guarujá.

Titio comentou que era criador de pássaros e perguntamos onde estavam as gaiolas. Ele respondeu que não tinha, pois criava os pássaros em liberdade, e levou algumas frutas cortadas até uma madeira colocada em uma árvore. Durante a manhã toda, vimos uma desfile de sabiás, canários, bem-te-vis, beija-flores e um pássaro que achei o mais lindo e me lembro até hoje, todo preto com a cabeça vermelha, de nome tié-sangue.

Goiaba, carambola, jabuticaba, abacate eram as árvores frutíferas que tinham na casa, e minha irmã e eu subimos e comemos das frutas que estavam maduras. E tinha mais: nas plantações de abóbora, batata doce, milho e cana de açúcar, corríamos a brincar de esconde-esconde e pegador.

Titia nos chamou para um lanche. Pães, bolo, doce de batata doce e espiga de milho verde cozida, hum! que delícia, e para beber, lógico “garapa”, pois titio tinha uma moenda de cana de açúcar no barracão ao lado da casa.

A manhã passou rapidamente e já estava na hora de irmos embora. Após as despedidas aos tios e promessas de retorno (que infelizmente não aconteceram), ganhamos um prêmio: vamos descer de bondinho. Que farra, que alegria!

No retorno para casa, relembramos os felizes momentos que tivemos neste passeio e o cansaço e o doce sacolejar do bonde nos fizeram dormir no banco até chegarmos a nosso ponto de descida.

2 comentários:

  1. Olá...
    Interessante como o seu texto conduz o leitor ao imaginário.
    Bons tempos, hein?
    Variedade de pássaros, pomar, horta, pão feito em casa, doces...
    Muito bom!

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  2. Oi primo, voltei ao passado... também subi aquela escadaria algumas vezes! Que saudade! Parabéns, os detalhes descritos com primor!

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