quarta-feira, 24 de março de 2010

Exercício coletivo - Palavra "areia"

Ela arruma o cabelo, calça os sapatos e sai ao encontro das amigas. O combinado era que se encontrariam na frente do shopping para então seguirem rumo ao Litoral Norte. Programinha básico: balada seguida de praia. Não queria mais nada da vida. Não via a hora de pisar na areia e ver o sol nascer depois de dançar a noite toda.
Grupo formado, carro revisado, tanque cheio e lá foram para a Rio-Santos.Dia calmo ,sol e brisa suave.O dia prometia.Sem aviso,Laura começa a soluçar e aos prantos vai logo avisando que o fim de semana para ela já estragou.Não tinha jeito.
O fim de seu relacionamento com Paulo, namorado de dois anos ou mais, tinha lhe tirado o chão. Pensou que rever as amigas seria uma boa idéia, mas de nada estavam adiantando as risadas e brincadeiras que antes lhe eram tão prazerosas.
Trancar-se em casa também não era solução. Talvez sua mãe estivesse mesmo certa, o melhor seria viver esse tal de luto. Chorar tudo que tiver que chorar, mas também sacudir a tristeza e distrair-se com outros cenários. E nada melhor como novos personagens para recriar a história.
Desceram do carro na 1ª parada e entraram na lanchonete. Já estavam pagando suas contas quando um rapaz maltrapilho se aproximou.
Laura subitamente fixou seu olhar naquele rapaz que, embora mal vestido, tinha um semblante que a deixou paralisada. Por algum tempo Paulo saiu de sua mente.
Tudo que importava agora era continuar a olhar aquele rosto e a apreensão com sua chegada era, a cada segundo, mais amedrontadora.Afunda em si mesma quando a linda voz diz: “Moça,o Ford vermelho estacionado no fundo da lanchonete é seu?”
Laura balança a cabeça sem nada dizer, mas a expressão em seu rosto entregava que sentia muito medo do que viria a seguir: “Então, moça, o pessoal do outro carro esvaziou dois pneus... Pediram para entregar este bilhete”.
Sem acreditar no que lia, a única coisa que lhe vinha à mente era a maldita frase que dizia que nada está tão ruim que não possa piorar.Devia ser praga do Paulo. Ela só queria curtir com as amigas, esquecer seus problemas.
O bilhete dizia: “Na próxima vez que for roubar a vaga de alguém, pense duas vezes,sua vaca!”
De fato, quando chegaram à lanchonete só havia uma vaga no estacionamento e elas haviam notado um outro carro esperando, mas acharam que seria divertido transgredir um pouco.
Enfim, sem balada, sem praia, as meninas tiveram que passar a madrugada esperando o guincho e contando com a esperança de um dia poderem rir de tudo isto. Laura havia mesmo dito que o fim de semana já tinha estragado.

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