quarta-feira, 24 de março de 2010

Sinal verde atravessei pra lá do sol

Sinal verde atravessei pra lá do sol pensando que o dia inaugurou com uma sucessão de sinais amarelos pedindo a minha atenção...
A começar pela minha distração esquecendo aqueles documentos tão importantes. Onde ando com a cabeça? Isso é que dá fazer tudo correndo. Culpa da modernidade que exige que façamos mil coisas ao mesmo tempo. E não adianta querer espichar o tempo, ele tem presença determinante. Recuo por alguns instantes e decido: voltarei para pegar os documentos esquecidos.
Volto correndo ao prédio onde moro, o portão automático nem sempre funciona e tenho que chamar Alberto, o porteiro. O nervosismo e a pressa que tomam conta de mim fazem dos minutos eternidade. A calma de Alberto me irrita. Estava a ponto de chutar o portão. Foi quando parei. O que eu estava fazendo comigo? Já não me conhecia mais. Aquela pessoa irritada e nervosa não era eu. Onde eu estava na verdade?
Acho que estou conseguindo pelo menos parar e pensar antes de tomar atitude mais agressiva. Porque essa postura não condiz com a minha pessoa. Então parei, respirei, olhei para o sol daquela manhã e me lavei no suor do corpo. Percebi que num único dia o meu semáforo interno oscilou do verde ao amarelo várias vezes, estacionando no vermelho e sinalizando a minha aceleração. Me sinto como uma avenida movimentada na “hora do rush” – paciência curta, tumultuada e se não der um freio entro em rota de colisão...
A noite enfim chegou e a lua serena adornando o céu me lembra que é hora de desacelerar e dar sinal verde para o descanso. Até amanhã!
(Adriana Bispo de Araujo)

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