sexta-feira, 19 de março de 2010

Da minha varanda vejo...

... entre árvores e telhados, o mar , imenso, azul-verde, refletindo o dia . A espuma branca tingindo a areia, explodindo no rochedos ao fundo, e brincando nas pernas das meninas. Vestido assim, com tanto espanto, o mar parece um convidado que chegou na festa errada, nada que ele apresenta combina com o resto da paisagem, tão modificada pelo homem.A avenida atulhada de carros que seguem nervosos, confusos, pretos, pratas, cinzas. As calçadas estreitas e tímidas, esburacadas e sujas. As pessoas rápidas procurando o depois.
No alvoroço do dia que segue, volto ao meu trabalho, converso com meu filho, atendo o telefone, rabisco compromissos . Mas, de vez em quando, volto à varanda e dou mais uma olhadinha, só para ver se ele ainda está lá, o velho mar companheiro, tão calmo e sereno, outras vezes enfurecido – como se parece comigo....
Volto à varanda para me certificar de que ele não foi embora, que aguentou firme a invasão dos turistas, das calçadas, dos prédios, e gosto de pensar que ele só continua ali porque tem a mim para reconhecê-lo e saudá-lo.Garotas desfilam seus biquinis, rapazes jogam futebol, mães passeiam com seus bebês , um aviâozinho teco -teco circula a propaganda da mais nova cerveja. O mar a todos perdoa e quando o sol desce e está quase sumindo em suas águas, é como se ele desse uma piscadinha para esse admirador e dissesse : -
Tudo bem amigo , a gente se vê amanhã.

Cláudia Nogueira Del Pintor

Um comentário:

  1. Claudia,

    "Vestido assim, com tanto espanto, o mar parece um convidado que chegou na festa errada, nada que ele apresenta combina com o resto da paisagem..."
    Lindo texto, parabéns !!
    uma ;) dessa admiradora rs
    beijos

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